sábado, 6 de novembro de 2010

CRENTE DE MEIA TIGELA

Recebi na tarde de ontem o e-mail malcriado de uma peStecostal fanática, no qual ela me chamava de atribulado, de perturbado, de crente de meia tigela, dizendo que eu estava com um mal na minha vida, e que no fundo eu só ia para a igreja para ver os defeitos deles.
Me contive para não dar todas as respostas que fossem possíveis e impossíveis de se imaginar. Contei até três, respirei fundo e me lembrei de Tiago 1:20: "Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus".
Hoje, com mais calma, responderei a esta afronta infame, sem ressentimentos e sem mágoa, pois o Senhor iria ficar ainda mais decepcionado comigo, se eu guardasse qualquer rancor dos meus irmãos.
A começar: Atribulado = quem sofre de tribulação
Atrobulador = Quem causa tribulação!
Isso eu sou mesmo. Gosto de causar tribulação, a partir do momento que o evangelho de Cristo é usado para separar os "perfeitos demais" dos menos perfeitos, eu já corro e recito Gálatas 3:28 - "não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus" . Não me acho melhor e nem pior que ninguém e até evito esses crentes que se acham santos demais, pois no fundo eles se acham tão perfeitos que evitam pessoas que não são do seu habitat, o que eu considero uma falta de respeito e uma acepção de pessoas - "Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado" Tiago 2:9.
Acho uma tremenda hipocrisia subir ao palco da igreja  para dar um testemunho e dizer: "saúdo a amada igreja com a paz do senhor: Amém?". Tenho dois fundamentos para criticar essa saudação:
- Primeiro: Cristo não veio trazer paz ao mundo, mas a espada! (Mateus 10:34);
- Segundo: Se o irmão não tem em si, como vai dar paz para os outros? Cristo deu a paz aos apóstolos porque Ele tinha paz para fazê-lo, e na Bíblia as únicas pessoas que deram paz às igrejas foram: Jesus nos evangelhos de Lucas e João (Lc 24:36; Jo 20:19; Jo 20:21; Jo 20:26), Paulo, escrevendo aos Romanos e aos Coríntios (Rm 16:20; 1Cor 1:3; 2 Jo 1:3; e no livro do Apocalipse de João 1:4, saudando as sete igrejas da Ásia, e como sabemos tanto Paulo quanto Jesus tinha paz para dar. E não vejo hoje tantos irmãos com a mesma santidade de Paulo para fazer igual. Nisso eles querem imitar a Paulo, mas não o imitam da mesma forma que Paulo imitava a Cristo, e manda imitar aqueles que pela fé e paciência herdam as promessas (1 Cor 11:1 e Hebreus 6:12) e não superficialmente como estes crentes dizem que imitam.
Me chamaram perturbado!
A Teologia da Prosperidade [a qual não sou adepto] delega todos os problemas ou fracassos dos cristãos enganados aos demônios.
Atribuem a Satanás todas as causas do que acontece de ruim ao cristão, quer seja uma topada com o dedo na quina do móvel da sala ou à desgraça com um automóvel em que morre uma pessoa, tirando de Deus o poder de ser o Senhor da Vida e da Morte e responsabilizando os demônios por tudo.
Neste ponto sou perturbado sim, porque me perturba e me incomoda ouvir tanta heresia, mentirada e falcatrua de um altar que deveria sair somente palavras de edificação e palavras de vida. Mas eu penso que sou perturbador e não perturbado, pois eu mexo na ferida, e revelo os podres que existem dentro dessas igrejas que se dizem do Senhor, e no fundo não passam de grupos de enganadores, que pregam o engodo aos que não batalham pela fé que uma vez foi dada aos santos (Judas 1:3).
E por fim me chamaram de crente de meia-tigela!
Errado! Eu sou crente de tigela cheia!!! O conceito de crente é muito vago, pois crente é todo o que crê em algo ou alguma coisa, e penso que crer em Deus não é acreditar em alguma coisa. ACREDITAR em DEUS é mais do que ser somente "crente" eu sou mais do que isso, eu sou FILHO DE DEUS.
Eu já sei por que incomodo tanto: As pessoas não estão prontas para ouvir falar de seus defeitos, porque estas igrejas, em geral pentecostalistas, não admitem que são falhas e caem no mesmo erro do catolicismo em achar que podem ser santos e pecadores ao mesmo tempo; caem no erro das revelações, da dizimofilia, dos batismos com línguas estranhas (e bota estanhas nisso!!!); caem no erro do avivamento, avivando-se  mais do que deveriam.
Esses crentes que se acham demasiadamente certos não são capazes de admitir seus erros e se consideram mais salvos, fazendo com que o evangelho de Cristo seja menos importante que as doutrinas de homens.
Eu não sou um crente como esses que existem por aí, que não pode isso - não pode aquilo, e fazem questão de mostrar aos irmãos que estão sob um regime de homens. Não podem comer isso - não podem comer aquilo, porém se esquecem do principal, o amor ao próximo, e de Colossenses 2:8. Andam com roupas características, mas esquecem de dar testemunho de vida; andam com os nomes no Serviço de Proteção ao Crédito e são péssimos vizinhos; fazem compromissos que não podem honrar e aos domingos gritam, em alto e bom tom, que são crentes e que servem a Deus.
Não sou e nem quero ser um crente desse tipo! Não sou preso a nenhuma religião, dogma, ou leis de homens, porque o amor de Cristo me libertou; portanto não sou mais escravo, sou um Cristão Livre, (João 8:32). Conheci a única verdade, capaz de libertar, diferente de tantas igrejas que julgam conhecer a verdade e não são capazes de se libertarem do jugo da servidão de mandamentos judaicos e de ensinamentos totalmente equivocados, baseados em versículos isolados e fora do contexto da época, aprisionando-os à Lei de Moisés, ou melhor a fragmentos da Lei, pois não são capazes de distinguir a dispensação judaica da dispensação da graça!
Paulo nos dá um sábio conselho em, 1 Cor 7:23: "Fostes comprados por bom preço; não vos façais servos dos homens". Por que eu não o seguiria? Minha igreja é a Bíblia e meu pastor é Jesus. Assim como Jesus, eu não tenho religião.
Ah! E quanto ao fato de ir à igreja para ver os defeitos dos outros, não tenho culpa se os indoutos, interesseiros e aproveitadores e desinformados da Teologia ocupam os púlpitos para falar do que não conhecem ou não sabem. Não sou culpado pelos pastores corrompidos pela ganância e pelo dinheiro, fazendo com que o púlpito seja um negócio, feito para ludibriar, como se fossem maus vendedores de um produto barato com efeitos colaterais irreversíveis.

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