segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

CRISTANIZAR OU SATANIZAR: EIS A QUESTÃO

Não é preciso ser nenhum estudioso de Direito Constitucional para entender que o que a bancada evangélica está tentando fazer no congresso é pelo menos um ultraje a nossa Constituição.
Querer "cristanizar" um estado que por definição é laico, é no mínimo ultrajante e degradante ao direito de acreditar no que lhe é racional, e que nos assegura a carta magna de 1988, em seu Capítulo I, Artigo 5, inciso VI:
"- é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;"
A bancada evangélica tem tentado a todo custo "satanizar"  a todos os que não acreditam no Jesus que ela acredita, ou que pelo menos mente acreditar. Afirmo com veemência porque esse tal Jesus que eles dizem acreditar não é o mesmo que a bíblia apresenta, por meio de seus evangelistas mais consagrados, e com certeza não é aquele que estaria no Sudário de Turim (outra farsa comprovada há mais de vinte anos).
Essa mesma bancada tenta a todo custo impor o seu conceito de crença a todos os cidadãos de um país que não tem por definição uma religião oficial, como se fossemos todos ovelhas de um rebanho só. Querem fazer a mesma lavagem cerebral que é feita em seus púlpitos e altares a pessoas pobres de conhecimento teológico e de racionalidade. Racionalmente falando, a ideia que é apregoada nos altares das igrejas é irracional e ilógica. E porque os evangélicos tentam fazer essa mesma lavagem a todos os outros?
O "ide e pregai o evangelho..." de Marcos 16:15 não deve se contrapor nesse cenário. Será que não ficou claro ainda para eles que a liberdade de crença deve coexistir de forma que as leis de um país não beneficiem apenas uma parte da população?
Esse deus que estão enfiar goela abaixo das pessoas está longe de ser um caminho de amor e paz que os ensinamentos bíblicos trazem. Antropologicamente falando, o ser humano tende a acreditar em um ser superior desde antes do período paleolítico, e de forma irracional, tentar infringir valores e plantar as ideias em cabeças de pessoas que trazem valores e princípios diferentes é no mínimo ultrajante.
É ilógico acreditar em algo que não se vê, a própria religião reconhece isso. E não seria irracional e desumano impor os ensinamentos de um livro de procedência ainda questionada sobre um povo de costumes ainda mais difusos a uma sociedade moderna e evoluída significativamente?
Só um tolo não consegue enxergar o quanto evoluímos nos últimos anos, e o quanto essa evolução tornou ultrapassado qualquer ensinamento deixado por Moisés ou qualquer outro profeta ainda que seja da idade antes ou depois de Cristo.
E porque iríamos aceitar que nossas leis fossem ditadas por uma crença que aceita uma ordem de "ir e pregar o evangelho" a todos. Mas e se as pessoas não quiserem aceitar? o que acontece com os que não creram? O poder se condenar não está nas mãos dos homens, porque o mesmo homem não pode ser juiz e executor! Em Mateus 22:37 orienta a amar a Deus com toda a sua força alma e entendimento. Mas amor não existe imposição. Não posso escolher a quem amar! Quer prova maior de livre arbítrio que essa?
O amor é a maior prova de liberdade que se tem, ou seja: não é possível escolher amar a Deus, se não tiver certeza do que se quer ou se não se acredita nele. Não é possível amar fora de um universo de liberdade.
E sob quais alegações serão julgados os que não creem? Com a mesma medida? Outra injustiça. Na igreja o pastor condena a todos os que não fazem o que ele determina, com ameaças de inferno e tudo mais! Afinal, você permanece na igreja, porque ama a Deus ou porque tem medo do inferno?
É preciso rever os conceitos de amor, que os cristãos estão usando para pregar ao mundo o "ide" que Jesus disse. É preciso ter um pouco mais de coragem para dizer o que pensa, e defender a todos os seres humanos dessa coisa toda de evangelismo forçado, porque caso contrário precisaríamos forçar algumas outras religiões existentes no país.
A dualidade no conceito de certo e errado não deve ser de propriedade exclusiva de uma crença ou de um povo, porque - de novo -, desde os primórdios o homem tenta acobertar ou endeusar alguém pelos seus fracassos e vitórias, para que de forma racional, se sinta melhor com o inexplicável. Mas nem todos tem essa mesma visão de racionalidade e sempre foi assim desde Nicolau Copérnico, Albert Einstein e porque agora iria mudar?
O Jesus que estes evangélicos tentam "engoelar" a todos não fez isso, em toda a sua trajetória de evangelismo, muito menos os apóstolos que viveram com ele, e ficaram depois dele. E porque agora esse moralismo e absolutismo todo?

Estão tirando o proveito de uma sociedade desinformada e carente e é esse mesmo Jesus que deve se vingar de todos um dia! - Não acho muito provável, pois estes mesmos condenadores estão tão confiantes que Ele é amor, que pode ser que eles mesmos queiram fazer justiça em Seu Nome, como os judeus fizeram há cerca de dois mil anos, crucificando a todos e matando os que não creem, em nome de Deus!

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

“O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens”. Atos 17:24

Foto Tirada da Internet
A Igreja Universal do Reino de Deus construiu um templo suntuoso em São Paulo, ao qual chamo seguramente de “templo do Macêdo”, da mesma forma que o templo de Salomão levou o seu nome. Asseguro isso porque lendo a Bíblia é possível ver que esse templo não seria portanto uma recomendação de Deus.
Da mesma forma que em nenhum momento a construção do templo de Salomão teve ordens expressas de Deus para ser construído, muito pelo contrário, Deus afirma que não habita em templos feitos por mãos de homens (Atos 17:24), a Igreja Universal do Reino de Deus, mais uma vez, e de uma forma ostensiva mostra suas garras, angariando fundos de seus incautos fiéis para construir um templo milionário, talvez o maior espaço "religioso" sobre a face da terra. 
E sabe o que mais me intriga nisso tudo? é que este templo que seria um local de paz, de culto, pode se tornar um espaço aberto à visitação com propósito de arrecadar ainda mais dinheiro para os cofres iurdianos
Observando a estrutura desta obra, é possível diagnosticar que nem o Vaticano tem tamanha ostentação, com tanto ouro envolvido, tecnologia de ponta, e avareza presente em toda a sua construção. Isso, enquanto "o filho do homem não tinha onde reclinar a cabeça" (Mateus 8, 18-20).
Uma esteira responsável por levar os dízimos e as ofertas diretamente para uma sala-cofre, onde poderá ser levado, sabe lá Deus para onde... é apenas um dos detalhes deste tempo milionário, a fonte da perdição de uma igreja famosa pelos escândalos que se envolve por pregar a teologia da prosperidade desenfreada.
Toda essa pompa que a IURD esbanja na construção deste templo, é anti-biblica, sem nada de cristã, até porque até onde sei, Jesus era judeu, e mesmo não tendo pregado religião, evangelizou a todos os povos, e de forma igualitária, converteu pobres e ricos, saduceus e fariseus, pregando uma boa nova, um reino de paz, baseado no amor ao próximo, no desapego aos bens materiais e na partilha dos bens entre os pobres, e particularmente nunca vi a IURD distribuir nada que é dela, apenas vi por muitos anos, pedir, pedir, pedir, porque o saco do interesse nunca enche!
E esse templo de Macêdo, o que tem de bíblico e de cristão? Não encontrei em todo o seu histórico de construção uma ponta de cristantade ou de santidade.
O Rei Davi, pai de Salomão, foi quem começou com a ideia louca de construir um grande templo - e mesmo durante toda a sua construção, não teve intervenção de Deus!
E porque isso? - simples: Em nenhum momento Deus estava interessado na ostentação de uma casa que fosse levar seu nome. Pelo contrário, na eira de Araúna, Deus mandou Davi levantar um Altar (no Monte Moriá, exatamente no mesmo lugar onde Ele mandou Abraão sacrificar Isaque), mas Davi quis levantar um templo com medidas astronômicas! E pelos tamanhos da bíblia, são muito menores que esse de Macedo...
Para quem já leu Bíblia, convido a relembrar das Crônicas dos Reis de Israel, capitulo 21, verso 23, em que Davi pediu a Araúna um terreno para construir um altar para Deus. Araúna quis dar o terreno de graça, Davi não aceitou e pagou mais de sete quilos de ouro pela eira onde construiria o tabernáculo (altar). Essa era a vontade de Deus: Construir um altar, para adoração, só isso.
Davi já pensava em construir um templo para guardar a arca da aliança,  mas Deus não lhe permitiu construir, porque ele, Davi, - havia derramado muito sangue em suas guerras e portanto deixaria a cargo de seu filho (Salomão) construí-lo, porque esse novo rei não tinha o coração sanguinário como o pai, Davi. Tanto é que foi conhecido por toda a história,  por sua sabedoria e sua serenidade.
. E Davi, deu a seu filho Salomão a ordem de erguer o templo e que Deus seria com ele. E ficaram por enquanto adorando a Deus no tabernáculo construído por Davi nas terras compradas de Araúna, o jebuseu (I Crônicas 21).
Em nenhum momento Deus se meteu nessa construção do templo.
Davi quem dizia que "certamente Deus estaria com eles" e por sua conta e risco ordenou que Salomão, seu filho começasse a construir esse "megatemplo" (1 Reis 6:1), que nem de longe chega às medidas deste que o Edir Macêdo construiu em São Paulo.
Esse templo foi construído para guardar a Arca da Aliança, que para quem não sabe trazia dentro de si três elementos: "um vaso de ouro, que continha o maná, a vara de Arão e as tábuas da aliança" (Hebreus 9:4). Até onde sei a Arca da Aliança não está em poder da Universal, e mesmo que tivesse não tinha o direito de ter um templo nas condições que este foi levantado.
Enfim, Davi morreu e Salomão terminou de construir o templo, de tão grande e suntuoso, chamou-se de "Templo de Salomão", até porque era tão grande quanto o seu próprio reinado. Penso: Se o templo de Salomão foi grande, e o reinado também, imaginem agora o tamanho do templo construído por Edir Macedo, de uma igreja que existe há 35 anos, pregando prosperidade a todo o povo, e se beneficiando dessa prosperidade?

A construção do templo de Salomão, durou cerca de sete anos (1 Reis 6: 37-38) e depois de construído, ficou por cerca de 13 anos sem utilização, não se sabe muito bem o motivo. O templo de Macêdo ficou pronto em quatro anos e foi muito maior que o de Salomão! 

Essa foi a primeira construção do tempo que teria acontecido por volta de 1015 a.C.
Este templo foi destruído pelo Rei Nabucodonosor II cerca de 597 a.C e levou todos os tesouros para a Babilônia, bem como todos os habitantes de Jerusalém em cativeiro, por uma questão política, estabelecendo lá o seu reinado. Acho que todos já sabem dessa história...
Um segundo templo foi reconstruído no mesmo lugar, após o período do cativeiro da Babilônia, por ordem de Zorobabel, sacerdote - sob autorização do Rei Ataxerxes, começando com apenas um tabernáculo (altar) da mesma forma que o anterior, isto está pormenorizado no livro de Esdras a partir do capítulos 3 e 4.
É importante frisar que naquela época só era permitido buscar a presença de Deus a partir de um local específico construído para esta finalidade, neste caso um altar. O templo era levantado por uma questão de interesse do próprio monarca.
Este segundo templo foi destruído pelos romanos 70 anos d.C e só restou uma parte dele, um muro, que atualmente é conhecido como Muro das Lamentações, que é usado por fieis de todo o mundo, para fazer preces, pedidos, inclusive por católicos, protestantes, judeus (hein ? ?).
Agora em São Paulo também tem uma parte da construção, em que as pessoas irão se lamentar também!!!
Como sou um pouco mais espirituoso acredito que devem se lamentar nestes muros, aquelas pessoas que levarão todo o dinheiro do mês como ofertas para a esteira mágica, que leva o dinheirinho direto para a sala cofre, que leva para a... ??
As lamentações destes coitados incautos, nunca chegarão aos céus, pois o Senhor estará com os ouvidos fechados para estas orações, e o que incomoda é que as pessoas que frequentam essas reuniões, não conseguem compreender que isso não tem nada haver com Deus...estão cegos pelo desejo desenfreado de paz, de harmonia, e que acham que sacrificando tudo o que ganham, poderão obter a paz em um processo de troca de benção por grana, fazendo de Deus um “pai Bonachão”, em que a prática do ”toma-lá, dá cá” seria capaz de trazer o alento, e a felicidade.
Estes sacrifícios vão de encontro o que prega Isaias 53, 4-5  “..ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; [...] o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
O templo de Jerusalém não pode ser reconstruído, se não for em Israel!
Se o lugar sagrado escolhido por Deus não está no Brasil, não poderia ser aqui o lugar para o "templo" ser levantado. Esta é mais uma forma de arrancar dinheiro dos pobres fieis, cegos pelo desejo de uma palavra de esperança e de conforto.
E de uma coisa tenho certeza, que estes indolentes, larápios de dinheiro do povo, que procuram versículos isolados para amedrontar os fieis com promessa de inferno, irão pagar muito caro ainda, pois é a mesma coisa que ameaçar uma criança a umas palmadas se não andar na linha, tirando do ser humano o direito do livre arbítrio e o poder de escolha, usando Deus como uma condição para sermos melhores ou piores, e o pior: Usando destes artifícios milionários como templos, para arrancar do pobre até a última gota do suor de sua face em beneficio próprio.
“E o motivo, todo mundo já conhece, é que o de cima sobe o de baixo desce”...

É isso.