sábado, 13 de novembro de 2010

A Bolachinha Romana

Sou bolacheiro!
Gosto de bolacha com e sem recheio, de milho, de maisena, de todo tipo e sabor, menos da bolacha que a ICAR serve em seus rituais.

Quando criança, recordo-me que acompanhava a minha mãe do início da missa, até a fila da entrega da hóstia e desejava do fundo da minha alma comer aquela bolachinha tão graciosa.

Tinha na época seis anos de idade e já queria fazer parte da fila da Eucaristia.
Quando completei  8 anos, o desejo de comungar do "corpo de Cristo" era tão grande que de tanto cobrar e pedir, conseguimos uma autorização do Bispo da diocese de Irecê, na época o Dom Edgard Carício de Gouveia, e fiz a minha primeira comunhão no dia 01 de novembro de 1988.
Foi então o dia mais feliz da minha vida! Depois de alguns meses de catecismo, com aulas todos os sábados, e ensaios preparatórios, me coloquei diante do Padre João de Deus e Silva para receber pela primeira vez a Eucaristia, o que me deixava apto a ser merecedor do Corpo de Cristo!

Teve ainda todo o ritual da confissão, dos atos e contrição etc.
Com isso, fui autorizado a comer da carne e beber do sangue de Cristo todas as vezes que fosse distribuído nas missas e nos cultos.

O que mais me deixou intrigado, foi o sabor. Eu esperava uma coisa gostosa, com sabor de maná, e me entregaram uma pastilhinha com sabor de nada!

Na hora que a recebi fiquei frustrado. O corpo de Cristo grudou no céu da minha boca me causando uma ligeira ânsia de vômito que não soltava por nada nesse mundo. Com o tempo, o corpo foi derretendo, até que me livrei dessa bolacha de trigo, mas antes desejei por um momento nunca ter recebido a mesma. 

Acabei deixando de sentir esse amor todo por essa bolacha feita de trigo sem fermento, sem sabor, e sem graça quase 10 anos depois, em 1997 quando me converti ao protestantismo, interessado pelas idéias calvinistas e luteranas, e em seguida calçado no amor e na graça do evangelho de Cristo.

Deixei de amar o "corpus christi" e passei a amar mais o "habeas corpus", pois este sim, liberta literalmente o preso dos grilhões das celas, enquanto o outro acorrenta a uma igreja e a uma religião, sem contar que ainda sustenta a enganação de que somente um sacerdote, pode trazer Jesus do céu e colocar dentro daquela bolachinha sem recheio... e sem sal.

É isso! 

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