Incansável em sua produção literária, o ex-padre Dr. Aníbal Pereira dos Reis
escreveu diversos livros sobre as heresias e falcatruas do clero católico. Por
isso, depois de trazermos informações preciosíssimas sobre a fraude de Fátima
na edição passada, chegou a vez de Aparecida. A primeira é a padroeira de
Portugal e esta, a do Brasil.
Dr. Aníbal confessa
ter sido grande devoto da Senhora Aparecida até que numa tarde de quarta-feira,
no começo do ano de 1961, depois das funções rituais da "novena
perpétua", a que ele assistira, um sacerdote – com um psiu! – tirou-o do
seu recolhimento devoto. Eis o que diz o Dr. Aníbal:
"Aproximei-me
dele."
"Perguntou-me à
queima-roupa:
"– O que você
vem fazer aqui quase todos os dias?"
"– Rezar a Nossa
Senhora Aparecida, respondi-lhe."
"E, ante o
sorriso gracejador do padre, esclareci:"
"– Sou muito
devoto de nossa Rainha e espero dela todas as graças necessárias para minha
salvação eterna..."
"Não pude mais
falar porque o padre me interrompeu com vivacidade:"
"Você parece um
beato vulgar. Que lhe poderá dar essa estátua de barro? Ela não tem valor
algum. Nós gostamos dela porque nos traz muito dinheiro".
Dr. Aníbal conta que
saiu dali atordoado e que suas últimas ilusões religiosas finalmente se
desvaneciam. Querendo servir a Deus sem embustes, ele começou uma séria
investigação sobre o assunto. Aquele mesmo sacerdote seria um bom começo e mais
tarde tudo seria confirmado por outros sacerdotes, confrades conventuais
daquele.
Pelo próprio fato de
ser o catolicismo romano a religião oficial do Reino de Portugal, a nomeação
dos bispos dependia inteiramente da indicação feita pelo rei, conta Dr. Aníbal.
Em Guaratinguetá, encontrava-se, como vigário, o jovem padre José Alves Vilela,
que como todo clérigo, conhecia a arte de bajular e pessoalmente sofria de
"bispite" aguda – o desejo desenfreado de ser bispo! Como o Conde de
Assumar pernoitaria em Guaratinguetá, percebeu nisso uma extraordinária
oportunidade de, bajulando, credenciar-se às boas graças do Governador, que o apontaria
a El Rei como candidato à mitra.
Notabilizara-se o Rio
Paraíba pelas suas águas piscosas. Por isso, os pratos em peixe distinguiam a
cozinha vale-paraibana. O padre Vilela ofereceria um banquete com grande
fartura de peixes nas mais diversas modalidades de temperos. Já planejando a
falcatrua, o padre Vilela valeu- se de três pescadores seus conhecidos,
caracterizados pela espontaneidade em auxiliar, pela singeleza de sua fé e,
sobretudo, pelo seu acatamento às solicitações do vigário. Seus nomes eram
Domingos Martins Garcia, João Alves e Felipe Pedroso.
Sem desconfiarem de
nada e orientados pelo padre a que lançassem suas redes no Porto de Itaguassú,
mesmo estranhando a solicitação, pois os portos não oferecem boa pesca em
função da movimentação que espanta os peixes, os pescadores ingenuamente
obedeceram, pois não convinha desacatar a ordem do padre ameaçador e capaz de
praguejá-los e amaldiçoá-los.
"Lançaram a rede
na convicção de nada apanhar.Surpresos, porém, retiraram das águas uma
imagenzinha, de 30 cm de altura, talhada em terra cota escura, nos moldes da
Madona de Murilo, que o clero se utiliza como símbolo da ‘Imaculada Conceição’
de Maria", conta Dr. Aníbal e prossegue: "Obtida a quantidade de
pescado exigida pelo clérigo anfitrião, foram à sua residência fazer-lhe a
entrega. E, jubilosos e na sua crença ingênua, mostraram ao padre, misturado na
comitiva do Governador, a imagem aparecida. "
"Enternecido o
vigário pelo sucesso do seu empreendimento, pois ninguém soubera e nem
desconfiara de sua ida durante a madrugada ao Porto de Itaguassú para deixar
nas águas aquela imagem, despejava suas expressões religiosas e deslambidas
acentuando o ‘fator milagre’ daquela descoberta. "
"Todo o povo
daquela região, presente em Guaratinguetá, para conhecer o Governador, Conde de
Assumar, ludibriado em sua credulidade, exultou com o ‘milagre’ sucedido,
vinculando- o à santidade do seu vigário e divulgou a notícia à
distância."
Dr. Aníbal revela que num sábado de 1743, desejoso de construir um templo no alto do morro dos Coqueiros, o padre Vilela armou mais uma para o crédulo povo de sua paróquia. Ele retirou secretamente a imagem do oratório construído por Felipe Pedroso em sua propriedade e colocou-a no cume do morro. O povo pensando que a santa havia sumido pôs-se a procurá-la. Quando a encontraram, realizaram uma festa com hinos, baile e pinga. Esse fato misterioso ocorreria de novo em outros sábados, até que o padre Vilela se sentisse seguro em aconselhar o povo a construir um templo para a Cida no morro.
Dr. Aníbal revela que num sábado de 1743, desejoso de construir um templo no alto do morro dos Coqueiros, o padre Vilela armou mais uma para o crédulo povo de sua paróquia. Ele retirou secretamente a imagem do oratório construído por Felipe Pedroso em sua propriedade e colocou-a no cume do morro. O povo pensando que a santa havia sumido pôs-se a procurá-la. Quando a encontraram, realizaram uma festa com hinos, baile e pinga. Esse fato misterioso ocorreria de novo em outros sábados, até que o padre Vilela se sentisse seguro em aconselhar o povo a construir um templo para a Cida no morro.
A divulgação dessas
coisas trouxe rios de donativos e a 26 de julho de 1745 o padre Vilela benzia o
templo e rezava nele a primeira missa, suspirando para que El Rei, o beato
sonso Dom João V, se lembrasse dele na escolha dos seus bispos. Dr. Aníbal,
porém, revela que "já alquebrado pela idade avançada morreu, como simples
vigário de Guaratinguetá o padre ambicioso, e a Aparecida caiu na vala comum
das pequenas capelas do interior brasileiro."
Em fins do século 19,
a Aparecida foi tirada de sua insignificância, onde permanecera por mais de cem
anos após a morte de seu criador, padre José Alves Vilela. E aos 8 de dezembro
de 1888, o bispo de São Paulo, Dom Lino Deodato de Carvalho, benzeu um novo
templo construído em substituição do anterior erigido pelo sacerdote inventor
da "santa" e resolveu entregá-lo à ordem dos redentoristas em fins de
1894.
Os redentoristas se
encarregaram de fanatizar o povo em torno da Aparecida e, através do
confessionário, impunham aos penitentes rezas especiais à santa pescada e
peregrinações ao seu santuário. Já no início de 1900 as romarias começaram a
revelar-se um negócio de inestimável lucro financeiro. Em 1931 veio a
proclamação e coroação da Aparecida como padroeira e rainha do Brasil, em
execução de uma astúcia política. Antes, o padroeiro do Brasil era São Pedro de
Alcântara, que por haver sido membro de ilustre e principesca família
espanhola, durante o domínio da Espanha sobre o Reino de Portugal, obtivera de
Roma esse "padroado". Os tempos agora eram outros e o povo brasileiro
não se tornara fã do frade espanhol. Então os bispos brasileiros decidiram
aposentá-lo e arranjar do papa um outro padroeiro.
Por satisfazer
injunções políticas, ter sua Meca localizada em área de grande concentração
demográfica e desfrutar de prestígio popular, a Senhora Aparecida foi a eleita
para o cargo de padroeira e rainha do Brasil. A Senhora Aparecida tem uma sala
de milagres em sua basílica onde os fanáticos colocam objetos os mais variados.
Mas, o Dr. Aníbal diz – o que já era de se esperar – que durante três anos
freqüentou assiduamente a basílica e jamais viu milagre algum. "A sua
cidade está cheia de aleijados, estropiados e cegos a mendigar esmolas pelas
ruas. Se os padres abastados de ouro e dinheiro não os socorre porque são avarentos,
a Senhora Aparecida, de sua parte, nem lhes dá atenção aos gemidos. Ela é tão
coitada que não tem poder nem de curar de lombrigas as crianças dos seus
devotos. Por isso, a sua emissora faz propaganda de vermífugos... Desde menino,
ouvi muitas vezes o milagre da libertação de um escravo na hora de ser preso ao
tronco e retalhado com o chicote em castigo por sua fuga. Foi mentira! Isso não
aconteceu. Se quem nega a veracidade desse fato fosse um evangélico, logo
sofreria insultos dos carolas fanáticos. Mas, quem diz ser isso uma mentira,
uma lenda fantasiosa é o devoto Fred Jorge, em seu livro ‘Aparição e Milagres
de N. S. Aparecida’, que recebeu o ‘Imprimatur’ do cônego J. Lafayette, por
delegação do cardeal e sob a chancela da cúria metropolitana de São
Paulo."
Aparecida é uma
fraude! Teve razão aquele padre da basílica que, em princípios do ano de 1961,
disse ao Dr. Aníbal, referindo-se à Aparecida: "Ela não tem valor algum.
Nós gostamos dela porque nos traz muito dinheiro".
Desafio das Seitas,
3o. Trimestre/2001.
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